SUB-SEDE DOS METALÚRGICOS DE SANTO AMARO
20 ANOS DE ABANDONO

9- Escrito em abril de 84. É a retomada ciclica do tema das eleições sindicais dos metalúrgicos de São Paulo. Aqui pega o tempo da inauguração de uma sub-sede do sindicato na maior concentração de metalúrgicos de São Paulo, e Zona Sul.


A história que vou contar
É de poucos conhecida
Os milicos e a pelegada
Não deixaram exclarecida
20 anos de ditadura e desacato
20 anos de pelego no sindicato
Não pode ser esquecida

São Paulo, Osasco e Guarulhos
Era uma só categoria
Os metalúrgicos na luta
Um só sindicato os unia
Organização e união avançavam
Os patrões se amedrontavam
E a luta prosseguia

Em 1958
Três terrenos se comprou
Guarulhos, Osasco e Sto Amaro
Foi a decisão que se tomou
Construir sub-sede regional
Enfrentar a classe patronal
Muito dinheiro se gastou

No terreno se Sto Amaro
A sub-sede foi construida
Era feita de madeira
Pois a grana tava caida
No salão de reunião
Se chegava a conclusão
Da luta a ser seguida

No ano de 63
A política tava agitada
Os militares golpistas
Preparavam a quartelada
Os trabalhadores se juntando
A greve era preparada

Em outubro daquele ano
78 sindicatos organizados
Juntando várias categorias
Deixaram os patrões contrariados
Decretaram greve geral
Exigindo aumento salarial
Com 700 mil paralizados

Foi durante esta greve
Que a sub-sede foi invadida
A polícia de Ademar de Barros
Quebrou tudo na investida
Bateu e orendeu trabalhador
Defendendo o patrão Explorador
A greve foi reprimida

800 companheiros presos
4 dias de paralização
80% de aumento
Foi arancado do patrão
A crise política aumentava
O golpe se ajeitava
Esperando a ocasião

5 meses depois
No dia 1º de abril
Do ano de 64
Na queda do governo civil
Interviram nos sindicatos
Baizaram vários atos
Fizeram a lei do fuzil

Para ajudar os patrões
Veio o golpe militar
Com a luta operária
Eles tinha que acabar
Juntaram puxa-saco e delatores
Nomearam os interventores
Para os sindicatos controlar

No dia 2 de abril
Chega em Guarulhos um interventor
Não era um militar
Porém um operário traidor
Vimos o amargor da verdade
Estava ali Joaquim de Andrade
Com cara de Judas sem pudor

Joaquim organizou tudo
Não teve dúvidas nem medo
Reuniu uma boa pelegada
E lhes ensinou o enredo
Dar dentistas prá peãozada
Manter a turma enganada
Mantendo duro o seu dedo

20 anos se passaram
Ditadura - pelegos - Tormento
A sub-sede destruida
Caiu no esquecimento
O terreno foi alugado
Sto Amaro deixado de lado
Caido no isolamento

Em 1978
A zona sul despertou
Nas eleições daquele ano
Na oposição ela votou
Com apoio da ditadura militar
Sem mesário para fiscalizar
As eleições o Joaquim robou

Em 1981
Foi o mesmo resultado
O Joaquim não saiu
Por causa do deputado
Com egoismo e ambição
Aurelio Perez dividiu a votação
E ficou tudo prejudicado

O metalúrgico da zona sul
Não se engana com demagogia
Sempre está na frente
Das lutas da categoria
Enfrenta patrão, pelego e enganador
Na luta não é amador
E não come sapo por gia

20 anos e 29 dias
Depois do golpe militar
A sub-sede é reconstruida
A pelegada vai inaugurar
Como grande realização
Nas vêsperas da eleição
A obra vai apresentar

Na zona sul não tem bobo
Nem se deixa enganar
A sub-sede é nossa
Com atraso vamos usar
Goste ou não a pelegada
A sub-sede vai ser usada
Prá ajudar peão lutar.


Metalúrgicos:
Mais uma vez coloco meus versos a serviço da luta dos trabalhadores, esclarecendo, denunciando e as vezes atacando com dureza os traidores e demagogos em geral.Desejo saudar os companheiros da oposição sindical que desta vez conseguiram formar uma chapa única de oposição.Tenho certeza que aquela equipe que veio junto com a ditadura civil e militar vai cair.Os trabalhadores e o povo avançam decisivamente para por fim a este regime que nos oprime há vinte anos.

Desta vez a oposição sindical unida vai afastar para sempre a pelegada do sindicato.